Rehab is for quitters

Ontem um mendigo bêbado me perguntou se o bagulho que eu tinha fumado era do bom e sorriu ao ouvir uma resposta positiva. Fui de ouvinte a cliente quando ele expulsou um menino de rua que me pedia dinheiro, dizendo que eu (sua cliente) não podia se incomodada senão iria embora.

Mas o que é isso que aconteceu com o mundo? Risadas são agora sinônimo de drogas e não posso mais ser feliz por minhas próprias palhaçadas. E meus amigos, esses outros junkies que em uma hora qualquer de uma noite de quarta-feira estavam me acompanhando na boemia da alegria? Tudo com a cara limpa, sem cerveja ou qualquer outro aditivo químico senão nossos próprios hormônios.

Por que o mundo não aceita mais a simplicidade das coisas simples? Tudo tem que ser adicionado, processado, digerido e fabricado - até a felicidade. Chacrinha confundia e não explicava, Cazuza procurava uma ideologia e eu só quero tranquilidade. Não uma tranquilidade óbvia, essa eu deixo para os tolos.

Está na hora de aceitar as coisas como elas são sem hipocrisia. Está no tempo de. Sem pensar muito, mas agindo e se deixando levar. Sorrir simplemente pelo fato de não haver nenhuma tragédia pela qual chorar. É isso que faço.

Ontem eu não fiz sentido, mas quem disse que as pessoas têm que ser sempre as mesmas? Quem disse que eu preciso de algum sentido? Agora aceito a ordem do universo e vou vivendo tendo a certeza de que prolongarei essa felicidade até o fim.

É disso que sou feita. E como disse M. Bandeira:
"Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria."