Cometi adultério e não sei como contar à minha senhora


Engraçado como algumas noites nos arrancam a calcinha. Você fica na dúvida se foi pra valer, mas sim, foi.

Queria sair, começou a chover e logo bateu aquela sensação de que a noite seria uma merda. Msn piscando. Tento ignorar, mas ok, acabo cedendo. Vou reclamando durante o trajeto, no qual vou dirigindo e pensando na garrafa de cachaça que está desacompanhada em casa. Pobrezinha, Deninha já volta!

10 minutos depois já estou traindo a coitada com uma garrafa de skol. Minha eterna vadia e puta-para-toda-obra. Como em toda putaria que se preze, nunca está desacompanhada, logo chama outras amigas e o swing está feito: enchem o meu copo sem que eu peça, a loirinha chega geladinha e oferecida. Fácil fácil pegar uma dessas nesse calor do Rio de Janeiro, só custam 3 reais, mais barata que puta da praça mauá. E ainda tem outra vantagem, você pode confiar no buraco dessa - bem limpo e molhadinho.

Entro na fila e me equi(ca)libro na corda bamba, como diria meu amigo Filipe, o amante das cidras e do réveillon. Seus olhos brilhavam ao vê-las borbulhar, explodindo de emoção. Mas voltando à minha noite, entrei na boite.

Lá dentro estava tudo escuro e a música agradava a todos os boêmios. Fiquei feliz porque nessa noite a freguesia era outra. Não havia fedelhos cheirando a leite, eu estava rodeada por profissionais, povinho de longa data. Me sentia em casa, como nos velhos e bons tempos de guerra na bunker. Sempre gostei de atirar em copacabana, quem me conhece sabe que não sou fã da Casa de botafogo.

Lembrei da minha velha em casa e resolvi que já que estava com um pé na traição, colocaria o segundo antes de voltar para casa pedindo perdão. Chamei meu irmão, grande conhecedor dessa moça mexicana e o pedi para me acompanhar. Tentei tirar a virgindade com a chicana antes mas ela era tinhosa e sempre saía antes da minha permissão.

Me surpreendi quando a outra amiga resolveu participar da experiência: "Ué, tem certeza de que você vai querer uma menina hoje? E seu namorado?". Ao que ela me respondeu com um alegre "Claro que vou!". Vivo me esquecendo que ela tem permissão para se envolver com esse tipo sempre que quiser. Aliás, não é muito difícil vê-la na Lapa atrás de umas.

Fomos os três até a fronteira. Demos o dinheiro discretamente e esperamos que o rapaz a pegasse. Primeiro vieram seus dois parceiros, o limão e o sal, famosos lubrificantes que essa senhora apimentada gosta. A contemplei com medo, olhei para os dois parceiros, fechei os olhos e deixei a moça fazer o resto.

Não me decepcionei, foi o melhor beijo que já recebi (é claro que o da minha senhora ainda ganha, mas todo mundo sabe que o que nos anima nesses dias chuvosos e quentes é uma lambida mais caliente).

Passado algum tempo voltei a pagar por outro encontro, não podia perder a oportunidade. Dessa vez cheguei a conversar com a moça nas preliminares, ela lembrou de mim. Conversamos sobre as vezes em que ela me deixou, a explicação foi que eu não estava preparada. Antes de se despedir ela me perguntou sobre dois amigos. Disse que estava com saudades das noites com eles.

Eu sorri e fui embora sem dar explicação. Não queria que ela visse minhas lágrimas ao explicar que os dois foram para longe de nós e que estão nos traindo com outras. Pediram o divórcio e agora andam em outras freguesias. Ele anda com outra mexicana por aí e ela comenta em algumas cartas que bate recordes com garotinhos.

Mas é a vida... Estamos traindo ou sendo traídos o tempo todo. Eu mesma me traio todos os dias, mas como me culpar? Sou uma simples mortal e como todos os outros, preciso de mais uma dose para suportar o frio e o calor. Ou mesmo, a saudade dos velhos tempos.

Comentários

Unknown disse…
que bom poder conhecer quase todo mundo a quem você fez referência no texto.

é gente que topa! e precisamos delas. quam vai topar às doideiras que batem sempre?

elas.
R. disse…
denise, esse texto é sensacional.
guarda com carinho.
Unknown disse…
ok, vc me fez chorar. Ta feliz? E justo no dia do show da Rihanna???
:/
R. disse…
Deni,
Estou presente na vida do Daniel porque ele me fez umas maldades e está tentando me recompensar. Ele cuspiu chiclete em mim no corredor populoso da faculdade. Ele me queimou com o cigarro dele e ainda me deixou dois dias sozinha naquela sala de aula de nerds malvados e filosóficos.

Agora eu peguei a alma dele em troca. Eu sou ladra de almas.
Mas quero roubar a tua também.
Pode?
Unknown disse…
Ai que horror! HAHAHAHAHA.

Todos nós guardamos as mágoas e depois falamos mesmo. E eu me sinto cada vez mais confortável com isso.

Percebe que a sinceridade entre a gente não machuca? Quero sempre assim. Eu acho ótimo não ter que esconder coisas bizarras que penso. Loucuras de ciúmes e afins. Quase tudo eu falo. Quase.

Agora eu tenho que compensar a cicatriz do cigarro, ta vendo?

Deni, quero uma segunda lua de mel!
Rô e Lucas disse…
Muito bom o texto...achei seu blog lá no mundo Gump e ja esta nos favoritos....


Lucas Somm...

Postagens mais visitadas