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Continuando com o pensamento reticente (ver post anterior) pus-me a vagar pelo centro do Rio durante meu horário de almoço. Qual seria o motivo de tantas reticências no mundo, me indagava. Por algum motivo me lembrei de uma cena que presenciei em Londres (qualquer texto ganha merecimento automático quando o locutor cita alguma cidade famosa no exterior. Notem como, de uma hora para outra, você parou para prestar mais atenção ao que escrevo).

Estava completamente perdida, já que em Londres pedir informação é a mesma coisa que nada, e permanecia parada com minha irmã em um ponto de ônibus qualquer com mais um grupo de inglesas, to perdidas quanto nós. Em algum momento dessa estória, uma das inglesas faz sinal para um ônibus e pergunta ao motorista qualquer coisa que não escutei. Ao receber a resposta que ela (e nem nós) não queria, responde com um bom e sonoro “Thanks, love ‘ya!”. Nem preciso dizer que todo mundo, inclusive as duas brazucas, começou a rir freneticamente.

Nessa hora você me pergunta, “tá, e daí? O que tem a vaca a ver com as calças?”. O motivo de ilustrar isso aqui com essa estória foi justamente para mostrar que a espontaneidade está em extinção. Não se fabricam mais esse tipo de gente como antigamente. Por que quando crianças, a ‘falta de educação’ dos adultos se chama espontaneidade? E por que a gente perde isso?

E se naquele primeiro encontro do outro post eu tivesse a liberdade de chegar para o meu par perfeito e dizer que sim, havia adorado o encontro e esperaria ofegante pelos outros? Por que as pessoas andam tão assustadas com seus sentimentos ultimamente? E por que eu não tenho direito a uma opinião diferente dos outros?

Eu só não peço desculpas pela minha revolta porque senão não estaria sendo eu mesma. Eu sinceramente não entendo como uma empresa como a Coca-Cola tem a cara de pau de veicular uma propaganda em que diz “palmas para quem não ficou trabalhando até tarde” (pregando um falso apelo de espontaneidade) e ao mesmo tempo escraviza que trabalha para eles. Não, não estou virando comunista. Mas não entendo por que as pessoas não se questionam.

Por onde anda seu ponto de vista, você já se perguntou isso hoje? Eu sei que não é fácil ter opinião, primeiro pelo trabalho que dá em se informar e segundo porque todo mundo fica contra você.

Tenho outra estória. Calma, eu já estou acabando... Essa estória de passa numa cidade maravilhosa chamada Rio de Janeiro. É, ainda há espontaneidade por aqui. Bem, semana passada eu fui ao teatro e na saída vi uma senhora que estava vestindo algo, digamos, pouco convencional. Eu sei que eu não tenho absolutamente nada a ver com isso, mas não deixei de comentar com minha amiga sobre o tal modelito.Quando estávamos do lado de fora,eis que chega uma criança, olha para a tal senhora e solta bem alto um “Palhaça”, olhando nos olhos da mulher que ignorou completamente o “elogio”. Depois disso, essa amiga comentou que a criança falou o que todos estavam pensando.

Pois é, não me entendam mal. Não estou pregando que ninguém saia às ruas ofendendo todo mundo, mas quantas vezes não tivemos muita vontade de falar algo, mas ficamos com medo da reação alheia?

Eu não bato palmas para maluco, mas bato para quem saber ser espontâneo. Bato ainda mais palmas para aqueles que sabem tirar algum proveito das críticas que recebem, estes estão a mais tempo em extinção.

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