Reflexões de uma manhã

Eu sou metida?


Essa pergunta tem me atormentado bastante nos últimos meses. Já fui chamada de metida e meus amigos mesmo dizem que somos "metidinhos". Sendo que eu nunca excluí ninguém da minha convivência por motivos fúteis. Sempre que briguewi com alguém foi por falta de algo como carinho, reciprocidade ou até falta de pensamentos em comum.

Não que eu só aceite no meu círculo social pessoas que pensem como eu, sem as diferenças o mundo seria um saco. O que eu não aceito é ser obrigada a aceitar a opinião do outro sem poder debater. Não aceito ditadores de nada.

Mas ainda assim, não aceitá-los me torna uma pessoa ruim? Possos ser chamada de fútil por apreciar a moda, mesmo sem ser uma pessoa nojenta por isso? Eu gosto de viajar e conhecer outras culturas, vão me jogar pedras porque parece que não gosto do Brasil? Eu gosto dele sim, já tive minha fase revoltada, mas hoje eu vejo como o nosso país é legal mesmo que eu tenha vontade de morar fora um tempo.

As pessoas costumam dizer que eu tenho um "porte" ou uma elegância que, sinceramente, eu não tenho. No fundo creio que o que realmente gostaria de me dizer é que pareço esnobe (já até me disseram isso), mas será que ser esnobe é não aceitar qualquer porcaria?

Acho que todo esnobe deve se fazer essa pergunta e responder "mas gente, eu gosto de coisas sofisticadas!". Eu não penso assim, simplesmente gosto de coisas sofisticadas, porque tem muita coisa sofisticada que acho uma porcaria. Mas é o maldito suquinho de lixo na maioria da vezes.

Eu já falei dessa teoria do Philipe aqui, mas não custa repetir. É como se você vivesse em um mundo em que as pessoas só bebessem suquinho de lixo, a famosa chepa, aquele líquido nojento que cai do caminhão de lixo e deixa o odor fétido por onde cai. Foi bebendo isso que ele cresceu e se tornou homem, e eis que um dia, um forasteiro lhe apresenta ao suco de laranja. Ele bebe aquele líquido amarelado pela primeira vez um pouco ressabiado, mas aceita. Bebe mais uns goles, acho o gosto um pouco cítrico demais, mas acaba gostando.

O forasteiro vai embora e nunca mais volta. Como ficou a vida desse homem, sabendo que dalí para frente só teria o suquinho de lixo? Ele sempre lembraria daquele suco de laranja. Então me diga você, é melhor a ignorância? Eu acho que não. Se eu fosse aquele homem, sairia provando todas as frutas até achar uma parecida com a laranja. Aceitaria uma tangerina ou uma toranja. Até um limão estaria ok. Mas só o suco de lixo seria idiotice ao meu ver.

Acho que vou agarrar meu jeito mesmo e procurar quem me aceite assim, prometo que vou aceitar você também. Meus amigos me aceitam assim e somos felizes juntos na maior parte do tempo. Como diz o Daniel, tem gente que nasce com elegância mesmo na merda, não há como mudar.

Eu só posso aceitar as coisas como são, inclusive eu mesma. Se as pessoas não gostam do meu jeito, não gostam de mim, então não me servem e vice-versa. Pedir para que eu mude é um sacrifício muito grande e isso acaba virando uma bola de neve.

Eu sou metida? Talvez, mas tem quem goste.