Às vezes não tem sorvete...


Além do conceito da impermanência das coisas (meu mantra pessoal, como já disse antes), outra máxima que tem me dado noites em claro (mentira, não fico com insônia por causa disso) é a de aceitar o que não posso mudar. É isso e pronto, aceite gata.
O mundo nos diz isso todos os dias e muitas vezes ficamos dando murro em ponta de faca sem querer aceitar. Hoje ouvi da Camila uma estória ótima. Um amigo dela estava em um aniversário de criança e eis que se aproxima dele um gorduchinho mirim. A criança devia estar faminta e começou a puxar assunto com o rapaz:

- Poxa, aqui tá legal, né?
- Tá...
- Tem muita comida, daqui a pouco vai ter bolo...
- É, daqui a pouco cantam o parabéns.

Depois de um tempo o moleque vira para ele e pergunta:
-Você sabe se vai ter sorvete?
- Hm, acho que não...

Eis que o mini oráculo solta A frase "É, às vezes não tem sorvete..." e volta a brincar e provavelmente a pesnar nas comidas que estavam a seu alcance.
Meu Deus... Quantas vezes eu fiquei pedindo sorvete, sorvete e mais sorvete, sem nem pensar que talvez não tivesse sorvete para mim naquele dia? Por que não aproveitei o bolo ou a batata-frita!
Eu perdi tantas oportunidades fechando minhas escolhas assim. Até o meu horóscopo está dizendo que eu tenho que abrir meu leque de opções. Tenho que parar de me ater ao que eu acho que preciso. É nesse conceito que encaixo a imagem do post, sobre o filme que assisti ontem também com a Camila - Viagem para Darjeeling.
Os três personagens principais vão para a índia em busca de reforço dos laços afetivos entre eles e também com sua mãe. Mas é claro que nada vai como eles planejavam, dá praticamente tudo errado e é justamente nisso que tudo dá certo. O que acontece não era o que eles queriam, mas sim o que precisavam. Eles demoram a entender mas no fim acabam aceitando, cada um a seu modo.


ps. outra parte que me deixou boquiaberta foi uma em que a mãe sugere a eles que cada um faça suas reclamações aos outros e a ela somente pelo olhar. Realmente um olhar vale mais do que mil palavras e ontem eu percebi que muitas vezes deixo de olhar nos olhos de algumas pessoas porque não quero que escute o que quero dizer. Na maior parte das vezes por vergonha, outras por medo de me magoar com a resposta do outro olhar.
Isso dá um outro post.

Comentários

R. disse…
João costuma dizer que eu não preciso dizer uma única palavra para que saibam o que eu estou pensando, isso porque eu falo pelos olhos. Prefiro falar pelos olhos, escolho mal as palavras e sempre me atrapalho com elas. Raramente encaro olho no olho, não considero isso falsidade, mas não sei explicar o que é também...
R. disse…
Uso sem parcimônia as sobrancelhas também...
madame disse…
Olho no olho é difícil... Com algumas pessoas acaba sendo natural, mas com a grande maioria é como se desnudar. Estranho.
Unknown disse…
as palavras são muito difíceis. só consigo usá-las bem quando estou falando de mim, ou dos outros. disparo sem controle. mas quando quero falar alguma coisa pra alguém, geralmente coisas bonitas, prefiro olhar!

então é esse o tema do filme! achei muito animador, não tem sorvete mas tem batata frita, tem bolo...

sem cianureto!
Filipe Freitas disse…
primeira leonina que foge de olhares q conheço! peculiaridades mil a srta! uma coisa eu descobri depois de mta queda! se o buraco tah na sua frente ou eh pra vc cair ou eh pra vc pular! um dos dois acontece, ams vc tem q passar pelo buraco!

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